Há 20 anos a Alemanha vivia uma realidade completamente diferente. Uma realidade que nem todos conhecemos hoje em dia mas que muitos ainda se lembram de cor: a Guerra Fria, o mundo dividido em dois pela oposição entre capitalismo e comunismo emblematicamente representado pela expressão "cortina de ferro" usada por Churchill que haveria de se tornar tristemente célebre. O epicentro deste antagonismo residia em Berlim, no muro de 66,5 km de comprimento com fortificações, gradeamento metálico e 302 torres de vigia.
O dia 9 de Novembro de 1989 é assinalado como o símbolo desta mudança – da queda do muro de Berlim e de toda a URSS. Era o início do fim que já vinha sendo anunciado há mais de dois anos, mas que ainda havia de durar mais dois, até que em Dezembro de 1991 Mikhail Gorbatchev anunciasse o fim da URSS.
No entanto, este dia poderia nunca ter acontecido. Ou ter acontecido de forma completamente diferente. Ao longo de todo o ano de 1989 houve uma fuga em massa para a Europa Ocidental de alemães de Leste, através da Hungria, já que este país tinha eliminado as fronteiras físicas com a Áustria. Em Setembro gritava-se nas ruas de Berlim Oriental “Wir wollen raus”, como quem diz “queremos sair” e no início de Novembro os protestos em Berlim leste já contavam com um milhão de pessoas.
Numa tentativa de aligeirar tensões, o governo da República Democrática Alemã decidiu, a 9 de Novembro, permitir a saída dos refugiados para a parte ocidental do país, incluindo Berlim. A medida deveria tomar efeito a 17 do mesmo mês. Contudo, o porta-voz que anunciou a nova medida não sabia de todos os fatos: quando lhe perguntaram no final da conferência quando é que a nova regulação seria posta em prática, ele respondeu “imediatamente”.
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