A década de 70 foi muito promissora para a indústria aeronáutica norte-americana. Não distante do término da Guerra do Vietnã, grandes disputas entre fabricantes de aeronaves fizeram história. Surgiram projetos inusitados, bem como mitos como F-14 e F-15, que eram produtos de uma vindoura geração muito bem sucedida de caças. O caçula da turma era o modesto, porém ousado ,F-16 ‘’Fighting Falcon’’: Um avião recém-encomendado pela USAF e por algumas forças aéreas européias, que mais tarde viria a se tornar uma espécie de ‘’Mig-21 Ianque ‘’mais moderno. Era uma aeronave de mach 2 feita para ser simples, razoavelmente barata, de grandes performances e exportada em massa para os principais aliados.

Definitivamente não se pensava no F-16 tal como ele é hoje, e sim num avião bem inferior ao F-15 Eagle, tanto nos aviônicos como na capacidade de carga bélica. Tais fatos acabaram dificultando os planos da General Dynamics, visto que a rival Northrop provara que seu caça leve F-20 ‘’tigershark’’ (baseado na célula do F-5) superava o F-16 em muitos aspectos.
Em pouco tempo, o ‘’fighting Falcon’’ não só ‘’matou’’ o F-20, como também caminhava para ser um grande avião de combate. Algum tempo depois, defendendo Israel, mostraria seu valor no batismo de fogo no Beckáa e tinha potencial de evolução superior ao caça da Northrop o que manteve vivo, a ponto de fazê-lo protagonista de uma nova concorrência. Dessa vez não procurava-se um caça, mas um avião de ataque que substituísse em médio prazo os F-111 ‘’Aardvark’’.
Com a experiência de ter sido a criadora do F-111, a General Dynamics apostou numa nova versão de ataque do F-16, chamada de ‘’F-16 XL’’, contudo, a concorrência com a McDonnell Douglas e seu F-15E Strike Eagle, versão de ataque do famoso caça F-15 fez com que a disputa fosse acirrada até o final.

Em 1977, sob liderança Harry Hillanker, pai do F-16 original, a General Dynamics, apresentou uma proposta de aeronave supersônica baseada no F-16 denominada SCAMP F-16. Dentre os principais requisitos, o novo avião devia ser manobrável e ter boa capacidade de Cruzeiro. Nessa fase a intenção era demonstrar a aplicabilidade de tecnologias da aviação comercial num avião militar. Uma das características marcantes do SCAMP era uma grande asa delta, que mais tarde teve que passar por mudanças. Ela deixava o avião com sustentação em demasia por causa da grande área de asa (propensa a desestabilizações por rajadas de vento), além de ter outras limitações aerodinâmicas inerentes a asa delta, que seriam superadas, em termos, com a instalação do controle eletrônico de vôo (Fly By Wire).
A grande asa serviria também de depósito de combustível, e como era bem maior que a asa de um F-16 original, aumentaria, consideravelmente, seu alcance. Depois de 2 anos de estudos, o próximo passo era tentar diminuir o arrasto da asa em velocidades supersônicas bem como aumentar a manobrabilidade do avião em velocidades subsônicas. Da raiz até a metade, a asa seria desenhada para altas velocidades e da metade até a ponta, para ter melhor capacidade de manobra. Porém o enflechamento acentuado da asa fazia com que o peso do avião, do combustível, juntamente com a carga útil subalar, se concentrasse demais na parte de trás da aeronave.

Os trabalhos no ‘’Scamp’’foram continuados em parceria com a NASA, no centro de pesquisa de Langley. Nessa fase o avião foi testado num túnel de vento, e logo recebeu alterações que originaram o modelo nº 400, que dispunha de superfícies móveis nas pontas de asa para controle de rolagem e deriva com superfície móvel semelhante a usada no F-16A. Algum tempo depois a deriva provara que não era adequado ás necessidades da nova aeronave, por não fornecer controle adequado em baixas velocidades. Ainda não havia a possibilidade de carregar mísseis nas pontas das asas e as guias de fluxo incorporadas a asa serviam para melhorar a geração de vortex, otimizando a sustentação em velocidades subsônicas ao mesmo tempo que reduzia o arrasto em velocidades supersônicas. Para viabilizar as alterações, a fuselagem foi ‘’esticada’’ em aproximadamente 40 polegadas (cerca de 96 centímetros).
Em 1980 USAF associou-se ao projeto fornecendo duas células de F-16 para a conversão para o padrão’’XL’’, e, no ano seguinte, a mesma USAF abriu oficialmente o programa que visava a encontrar um futuro substituto do F-111.
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A Força Aérea Americana procurava um avião capaz de executar missões de ataque, penetrando no território inimigo de forma independente, ou seja, sem escoltas. Dois grandes fabricantes apresentaram suas propostas. Diante das circunstâncias favoráveis, a General Dynamics ofereceu o próprio F-16XL, enquanto a solução da McDonnell Douglas consistia em adaptar a célula do F-15D para o bombardeio, onde o assento traseiro daria lugar aos aviônicos necessários. Estava claro que o projeto da General Dynamics exigiria mais esforços, tempo e dinheiro para ficar pronto, fora isso o F-15 tinha a vantagem de ser maior e bimotor, podendo assim carregar mais armas que o concorrente. Além de tudo, os dois motores do F-15 seriam úteis num cenário de artilharia antiaérea e de mísseis terra-ar uma vez que se uma turbina fosse avariada ou falhasse, o avião poderia continuar voando. Dessa forma, em fevereiro de 1984 a USAF optou pelo F-15E, mais tarde batizado de F-15E ‘’Strike Eagle’’. As duas células de F-16 cedidas ao fabricante para o projeto F-16 XL retornaram para a força aérea e em seguida foram estocadas.

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Após quase dez anos de inúmeros testes, em 1999 os dois F-16 XL foram estocados em Dryden. Porém, m 2007, a NASA voltou a contactar a Lockheed para solicitar um estudo que verificasse a viabilidade de retomar os vôos com o protótipo nº 1, que nesse caso seria equipado com aviônicos equivalentes ao ‘’Bloco 40’’ do F-16C, possibilidade ainda não descartada até o momento. O avião da Lockheed. para alguns, pode ter sido uma chance perdida, porém não é somente na aparência que ele é ‘’de outro mundo’’. Hoje apenas pertence ao mundo dos projetos demonstradores de tecnologia, de onde costumam sair de tempos em tempos alguns novos conceitos, bem como outros que caem no esquecimento, mas nem por isso, deixaram de dar sua ímpar contribuição a industria aeroespacial.
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CURIOSIDADES SOBRE O F-16 XL
1. Apesar de ter a fuselagem alongada e a asa extendida , o F-16 XL pesava apenas 1.300 kg a mais que um F-16 A, devido ao maior uso de materiais compostos.
2. As aletas ventrais, presentes nos F-16 de série, foram removidas dos ‘’XL’’: a medida evitava que o fluxo de ar gerado por elas durante a decolagem espalhasse areia e detritos pela pista.
3. Durante os testes com o protótipo nº 1, acidentalmente a NASA conseguiu fazer com que a aeronave voasse em supercruise a 6.000 metros.
4. O F-16 XL podia carregar duas vezes a carga do F-16A, bem como voar com peso total a uma distância 40% superior ao modelo original.
5. O F-16XL possuía 27 pontos de fixação : 16 para bombas de 340 kg; 4 pontos semi carenados para AIM-120, sob a fuselagem; 2 fixações nas pontas das asas para AIM-9; 1 pilone ventral e 2 nas asas para subalares e 2 pontos no nariz para LANTIRN.
6. Os F-16 XL da NASA, em certas ocasiões, serviram de ‘’sensores voadores’’ para captação e análise de ondas de choque geradas pelo vôo supersônico do SR-71 Blackbird.

Velocidade de cruzeiro: mach 1.1 (1250Km/h)
Razão de subida usual: 19200 m/min
Fator de carga: 9 Gs, -3 Gs
Razão de rolagem: 200 º/seg (estimado)
Razão de curva: 19 º/seg (estimado)
Teto de serviço: 15000 m
Alcance: 4500 km
Empuxo: 1 x motor General Eléctric F-110-GE-100 com 12500 kg de empuxo com pós combustor.
Radar: Os mesmos disponíveis nas versões comerciais do F-16.
Envergadura: 10,44 m.
Altura: 5,36 m.
Superfície alar: 60.0 m2
Peso vazio: 9.980 kg.
Peso máximo na decolagem: 21800 Kg.
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