Desenvolvido por empresa brasileira, o Robodeck possibilita que universidades e instituições de ensino técnico desenvolvam pesquisas básicas. [Imagem: Xbot]
Robótica no Brasil
Os robôs têm sido fabricados e comercializados há décadas para aplicações industriais - como os braços robóticos utilizados na indústria automobilística desde a década de 1960.
Mas, segundo pesquisadores, ainda há um atraso nessa área no Brasil, principalmente nas faculdades de engenharia mecânica, eletrônica e informática, nas quais é necessário importar robôs ou, na ausência deles, usar simuladores computadorizados para o desenvolvimento de pesquisas básicas em robótica.
Esse quadro começa a mudar, com a área de robótica ganhando alguma força no país nos últimos anos. Um exemplo está na experiência da empresa Cientistas Associados, criada em 2003 por pesquisadores brasileiros para desenvolver produtos tecnológicos baseados em software e hardware, como sistemas interativos e robôs móveis.
Plataforma robótica
A grande novidade da empresa na área é o RoboDeck, uma plataforma robótica multi-uso projetada para utilização em educação e pesquisa. O modelo é capaz de se adaptar a projetos tanto de estudantes do ensino médio técnico como da graduação e da pós-graduação.
O robô é constituído de um hardware básico, formado pelos componentes principais, e um hardware opcional, constituído de módulos como câmera, placa de alta desempenho e dispositivos adicionais que podem ser acoplados dependendo da necessidade de cada projeto.
"Trata-se de uma plataforma universal e aberta que permite acoplar outros módulos. Isso facilita a pesquisa porque não é necessário partir da estaca zero todas as vezes que se for desenvolver um novo projeto. Permite ainda que professores e alunos direcionem os trabalhos diretamente aos módulos tanto de hardware como de software ou em um algoritmo inteligente, em vez de se preocupar com as ferramentas", afirma Antonio Valério Netto, diretor da empresa.
Robô reconfigurável
O projeto foi transformado em produto e será comercializado em 2010 pela empresa XBot. Seis universidades brasileiras já solicitaram a aquisição do RoboDeck.
"O RoboDeck funciona como um sistema operacional de computador, em que cada usuário pode programá-lo de diversas formas. A ideia é que a tecnologia para controlá-lo não seja específica, mas sim aberta. No caso brasileiro, existe um filão com a popularização de softwares livres. Pode-se usar Windows, Linux e reconfigurar o robô para cada pesquisa", disse.
Segundo Valério Netto, o objetivo é fazer com que o robô seja uma ferramenta, de modo que os pesquisadores e estudantes na área não precisem fugir do foco principal, que é a pesquisa.
Eletrônica viva
O RoboDeck pode ser controlado remotamente ou funcionar de forma autônoma para realizar tarefas predeterminadas.
Nos módulos opcionais pode-se acrescentar placa de alta performance com Linux embarcado que permite, por exemplo, comunicação por meio de tecnologias como wi-fi, bluetooth ou zigbee, além de câmeras com entrada USB, garras mecânicas e motores de direção, entre outros dispositivos.
Segundo Valério Netto, a plataforma robótica cria o que ele chama de "eletrônica viva". "Há 20 anos, uma plaquinha eletrônica em cima de uma mesa era algo fantástico para se estudar. Hoje isso não funciona muito. Os alunos ficam livres para pensar a criação de módulos e dissecar o robô em várias partes. Dentro dele, tem eletrônica, mecânica, computação, onde se pode estudar a inteligência computacional", disse.
Preço de um carro
O preço dos kits do RoboDeck varia de R$ 3 mil a R$ 35 mil dependendo da configuração e do modelo do produto. Segundo o pesquisador, essa variação de preço envolve o acréscimo de módulos e a aquisição de módulos separadamente. A empresa já tem encomendas para 2010 de várias universidades brasileiras e instituições de pesquisa.
"O robô tem um custo bem acessível em relação a seus concorrentes internacionais. Além disso, a barreira alfandegária encarece em até 60% a compra de produtos eletrônicos de fora do país, o que torna o processo mais complicado para as universidades", disse.
Robô de vigilância
Apesar do foco em pesquisa e educação, Valério Netto conta que outras empresas podem se interessar e utilizar a plataforma universal do RoboDeck e, a partir dela, fazer novas aplicações.
"Tivemos a experiência de uma empresa da área de segurança que achou bastante interessante a utilização dos robôs para realizar rondas programadas em locais como grandes armazéns e galpões onde ficam armazenados produtos estocados. O robô pode se locomover durante várias horas e, por meio da câmera digital e outros sensores, identificar intrusos ou mesmo situações não programadas que precisam ser alertados para a central de segurança", disse.
"Além disso, é possível implementar módulos específicos que permitirão ao robô atuar na execução de rondas para segurança e monitoramento de condomínios horizontais (áreas residenciais) e áreas de risco em indústrias petroquímicas e usinas de geração de energia (nuclear, termelétricas, entre outras", complementou.
Via iT.
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